Descarte orientado

A lucratividade do sistema de produção está intimamente relacionada, entre outros fatores, a eficiência reprodutiva do rebanho, resultando na maior disponibilidade de seus produtos no mercado à um menor custo. Independentemente dos objetivos do sistema de criação, o acompanhamento da performance reprodutiva por meio de um bom gerenciamento zootécnico é indispensável. Será possível, então, identificar animais improdutivos ou menos produtivos. O descarte destes animais, com consequente, seleção dos mais produtivos resultará em inúmeras vantagens, marcando expressivos ganhos.

O descarte orientado é uma prática de manejo que consiste na identificação e remoção dos animais improdutivos ou menos produtivos do rebanho. Esses indivíduos são aqueles que, por uma razão ou outra, não estão produzindo o mínimo esperado, influenciando negativamente a performance da produção, principalmente pela competição por espaço, alimentos, cuidados, mão-de-obra e medicamentos, com os animais verdadeiramente produtivos do rebanho. Em geral, são indivíduos velhos, defeituosos, portadores de defeitos genéticos, doenças crônicas, inadequada eficiência reprodutiva e de baixa produção.

Vários critérios técnicos auxiliam na orientação do descarte. Podem estar relacionados a características genéticas, corporais, comportamentais, de sanidade, nutricionais e reprodutivas; todas com impacto sobre a eficiência produtiva do indivíduo. Entre eles, alguns critérios técnicos indicados para o descarte serão citados:

– Animais idosos que apresentem, por exemplo, problemas na apreensão de alimentos (dentes e lábios);

– Portadores de defeitos genéticos, como: agnatismo, prognatismo, criptorquidismo, hérnia escrotal e umbilical;

– Intersexos, como: hermafrodita e freemartinismo;

– Portadores de pododermatite crônica;

– Reincidentes de linfadenite caseosa;

– Animais com baixa condição corporal e/ou baixa capacidade de ganho de peso;

– Machos caprinos mochos de nascimento, por sua maior probabilidade em produzir crias hermafroditas;

– Reprodutores portadores de saco escrotal excessivamente penduloso ou testículos pequenos e endurecidos;

– Reprodutores com baixa libido e/ou baixa taxa de fecundação;

– Matrizes portadoras de mastite crônica e/ou com glândulas mamárias perdidas, excessivamente grandes e dilatadas ou com duplo esfíncter;

– Fêmeas que produzem leite em quantidade inferior à média do rebanho;

– Matrizes que não desmamarem, pelo menos, uma cria por cada ciclo de produção;

– Fêmeas jovens que aos 9 meses não atingiram, pelo menos, 50% do peso vivo médio das matrizes adultas do rebanho;

– Fêmeas com dificuldade de emprenhar, apresentando elevada taxa de serviço;

– Matrizes que frequentemente estão em anestro patológico;

– Reprodutoras com puerpério prolongado e elevado intervalo entre parto;

– Fêmeas que demonstraram abortamentos recorrentes, sem causa diagnosticada ou tratada;

– Mães com baixa habilidade materna, gerando elevados índices de mortalidade neonatal ou crias de baixo peso ao desmame;

A eliminação destes animais, considerados de baixa produção ou improdutivos, repercutirá em relevantes vantagens, tanto no aspecto técnico como econômico. Em termos gerais, reduzirão os gastos de manutenção do rebanho, disponibilizar-se-á maior quantidade de alimentos (p.ex. forragem) para os animais verdadeiramente produtivos, e acentuar-se-á a produtividade do rebanho. Em outras palavras, a relação custo:benéfico do sistema de produção será beneficiada, resultando em ganhos ao produtor.

Por fim, vale ressaltar que o descarte orientado é uma prática de manejo de fácil execução e custo inexpressivo. Recomenda-se que o descarte não ultrapasse 30% dos animais, de uma só vez. Pela própria natureza desta prática de manejo, seu uso deverá preceder o emprego de outras práticas ou processos tecnológicos a serem impostos no manejo dos animais, sendo indicado ser efetuada ao final de cada ciclo produtivo.

Literatura consultada:

– ALVES, J. U. Descarte orientado para uso nos rebanhos caprinos e ovinos. EMBRAPA: CNPC, Sobral, Comunicado Técnico, 3p., 1999.

– PEREIRA, G. F.; GRACINDO, A. P. A. C. Escrituração Zootécnica. In: LIMA, G. F. C.; HOLANDA JUNIOR, E. V.; MACIEL, F. C.; BARROS, N. N.; AMORIM, M. V.; CONFESSOR JUNIOR, A. A. Criação familiar de Caprinos e Ovinos no Rio Grande do Norte – Orientações para viabilização do negócio rural. EMATER-RN/EMPARN/Embrapa Caprinos, p.257-268, 2006.

Fonte: Farmpoint

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