Por que usar monta controlada

A monta natural é a mais eficiente, mas – estranhamente – é a menos utilizada nos rebanhos brasileiros, embora seja a menos cansativa e mais recompensadora.

Atualmente o rebanho ovino e ca­prino de corte brasileiro está em franca expansão, devido ao potencial mercado de consumo interno, que ainda depende das importações de carne ovina de países como a Nova Zelândia, Austrália e Uruguai e da real oportunidade de expor­tação de carne caprina para os países árabes.

Diante desta realidade, cabe abordar uma das técnicas de manejo re­pro­dutivo para um ótimo aproveitamento do rebanho. A monta controlada é hoje a prática mais eficiente e, ainda assim, menos utilizada nos rebanhos nacionais. Consiste em deixar o reprodutor separado das matrizes durante o dia, ­deixan­do-os juntos, à noite, apenas com as fê­meas no cio.

As matrizes deverão ser separadas em lotes de até 50 animais, em piquetes que contenham um rufião vasecto­mizado. Este rufião terá sua maçã do peito tingida com uma mistura de pó xa­drez e óleo. Ao final do dia, quando as matrizes retornarem ao curral para dormir, um funcionário fará a inspeção dos animais, procurando fêmeas marcadas com a tinta do rufião e que, consequen­temente, estão no cio, aceitando a monta.

Estas fêmeas terão seus números de identificação anotados e serão levadas ao reprodutor, para passar a noite com ele. Deve-se obedecer a proporção de 7 fêmeas em cio para cada reprodutor, por noite.

O reprodutor, por sua vez, também deverá ter sua maçã de peito tingida, porém usando-se cor diferente da usada no rufião. Ao amanhecer, as fêmeas que tiverem a marca da tinta do re­pro­dutor, deverão ter seus números de identificação anotados como cobertas por aquele reprodutor especificamente e se­paradas num lote de fêmeas cobertas, para posterior confirmação da prenhez. Esta confirmação poderá ser realizada por nova rufiação, após 17 ou 21 dias (17 para ovelhas e 21 para cabras) ou por Doppler, após 25 dias ou ultras­sonografia, após 20 dias.

As vantagens da monta controlada são:
– maior aproveitamento do­ repro­dutor, sem desgastá-lo com a rufiação;
– pode-se emprenhar até 210 fê­meas por mês, utilizando-se um único re­­pro­­­dutor, no caso de uso de cio natural;
– controle do dia da cobertura de ca­da matriz e consequente previsão da data dos partos;
– melhor controle zootécnico;
– possibilidade da utilização de cio natural ou sincronização de cio das ma­trizes para homogeinização do lote de cordeiros e cabritos;
– identificação de fêmeas para descarte que não tenham emprenhado em dois ciclos seguidos com registro de co­bertura;
– pode ser usado em sistemas de cria­ção semi-intensivos e intensivos.

Quando o reprodutor fica solto direto com as fêmeas no pasto – em regime de Monta Livre Natural – não é possível fazer a escrituração das datas de cobertura e nem prever as datas dos partos. No campo, a quantidade de fêmeas para cada reprodutor será de 25 a 50, que ficará muito desgastado, deixando de comer para rufiar e pode cobrir uma mesma fêmea, mais de uma vez. Resul­ta em gasto de energia e baixa concentração espermática e consequen­te­mente, baixa taxa de prenhez. A monta controlada é um manejo re­produtivo que dispensa grandes investimentos, organiza sua criação e traz aumento na produtividade.

Dra. Regina Carla Gagliardi de Freitas é Médica Veterinária, especialista em reprodução animal e consultora em ovino-caprinocultura.

Fonte: Revista O berro

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