O custo de produção hoje é considerado um dos maiores entraves para a criação de cordeiros em larga escala no Brasil. Baixar esse custo de produção é um dos principais assuntos entre os criadores em eventos, feiras e exposições. Mas qual seria a fórmula para produzir mais com menor custo?
Uma alternativa pode ser vista em duas fazendas localizadas no sul de Minas Gerais, com a produção integrada de ovinos com a agricultura, nesse caso o café. O médico veterinário e sócio consultor da empresa ATO Assessoria (empresa de consultoria rural com projetos no Sudeste, Centro Oeste e Nordeste), Juarez Simões Batista, foi quem desenvolveu o projeto e acompanha o trabalho nessas propriedades. O trabalho de sucesso pode ser visto na Fazenda Bom Retiro e Fazenda Pedregulho, onde atualmente Juarez acompanha apenas projetos integrados com café, mas já implantou também projetos de integração com lavoura de coco e eucalipto.
Localizada numa região montanhosa e de terras férteis tradicionalmente cafeeiras, a Fazenda Bom Retiro sempre foi conhecida pela produção de café de boa qualidade. Há sete anos começou o trabalho de integração com a ovinocultura. São pouco mais de 40 hectares, sendo 32 utilizados para lavouras e a criação de ovinos.
Além das áreas de lavouras de café, a fazenda conta também com áreas para produção de volumosos para suplementação do rebanho na seca e suplementação dos cordeiros no confinamento. Os volumosos produzidos na fazenda são: cana-de-açúcar, feno de Tifton, feno de Aveia e silagem de milho.
Segundo Juarez, o projeto é para cerca de 400 matrizes, sendo composto por várias raças utilizadas em cruzamentos industriais e animais puros, com predomínio para as raças: Santa Inês, Dorper e Texel. Além da aquisição dos animais, o projeto também contemplava a construção e adaptação de todas as benfeitorias necessárias para o manejo do rebanho. “Todo o projeto foi feito de forma a otimizar ao máximo o uso das áreas de café e também o retorno financeiro”, explica o veterinário. Para atingir uma maior lotação animal por hectare de lavoura, foram construídas cercas elétricas dividindo alguns talhões, permitindo a rotação do rebanho nos pastos, de forma a conciliar o trânsito de máquinas na lavoura e o melhor manejo do capim.
Na Fazenda Pedregulho, o projeto foi o mesmo. Lá são cerca de 61 hectares, com 43 destinados a Agricultura x Pecuária, sendo um trabalho realizado com 600 matrizes ovinas.
Redução de custos: uma grande vantagem
De acordo com o responsável pelos projetos de integração das fazendas, a principal vantagem é a redução do custo de produção, tanto na ovinocultura quanto na cafeicultura. Dois pontos importantes são observados na hora de fazer o fechamento das contas: primeiro a diluição de custos fixos, como a divisão do salário do gerente entre as duas atividades que ocupam a mesma área, e segundo, que a criação de ovinocultura integrada permite a utilização de áreas que ficariam ociosas na fazenda. Isso, para citar apenas alguns exemplos.
Segundo Juarez, a integração dos ovinos com a lavoura de café diminuiu drasticamente o número de roçadas e catação manual de pragas. Atualmente, a fazenda não utiliza herbicidas nas lavouras, já que boa parte deste capim e pragas são consumidos no pastejo dos ovinos.
Devido ao menor gasto com roçadas, catação manual de pragas e adubação, foi verificada uma redução média de 5% do custo do café produzido em alguns talhões, o que tende a melhorar à medida que o rebanho crescer mais.
Fonte Revista Cabra e Ovelha