Suplemento mineral e o impacto no lucro

Sabemos que nos sistemas de criação de ovinos e caprinos a alimentação influencia a produção, saúde e lucratividade da produção. A nutrição atua no ganho de peso, na produção do leite, no trabalho muscular e na deposição de gordura. A dieta deve conter um volumoso de qualidade, seja forragem verde ou conservada (feno e silagem) e pode ser necessário suplementar os animais com alimentos concentrados de modo a suprir sua exigência de nutrientes. Além do volumoso e concentrado, a suplementação mineral é uma prática que pode ser indispensável, especialmente para indivíduos jovens em fase de crescimento.

Há diversas formas de oferta do suplemento mineral para os animais, sendo importante avaliar a relação entre benefício e custo para realizar a escolha. Entretanto, são muito escassos estudos dedicados a avaliar o custo da suplementação e sua lucratividade. Por isso, fizemos uma análise do custo para investir em suplementação e do impacto na receita obtida com base em dados que foram obtidos em experimento realizado no Laboratório de Produção e Pesquisa em Ovinos e Caprinos da Universidade Federal do Paraná (LAPOC-UFPR).

Foram avaliadas borregas confinadas que recebiam alimentação no cocho composta por 60% de feno de alfafa e 40% de alimento concentrado farelado. A fórmula do concentrado foi 50,7% de milho grão moído, 30% de farelo de soja, 14,3% de farelo de trigo, 0,5% de cloreto de sódio, 2% de suplemento mineral e 2,5% de calcáreo calcítico. Os animais foram mantidos durante o dia em pastagem e à noite permaneceram em aprisco de piso ripado suspenso.

As borregas foram divididas em grupos nos quais a única diferença encontrada era em relação à oferta de suplemento mineral. O grupo 1 recebeu 2% de suplemento mineral incorporado no concentrado farelado mais suplemento mineral à vontade no cocho. O grupo 2 recebeu 2% de suplemento mineral incorporado no concentrado farelado. O grupo 3 recebeu suplemento mineral disponível à vontade, mas somente no cocho, não havia no concentrado.

A dieta ofertada nos tratamentos foi calculada com base nas recomendações do NRC (1985) e está apresentada abaixo (Tabela 1).

Tabela 1 – Composição bromatológica do concentrado farelado e do feno de alfafa ofertado as borregas.

As dietas foram fornecidas duas vezes ao dia. Pela manhã as sobras da suplementação mineral e da dieta fornecida nos cochos eram retiradas e pesadas. A diferença entre o ofertado e as sobras permitiu o cálculo do consumo médio de suplemento mineral e da dieta por animal. Isso foi importante para a definição do custo por animal. Semanalmente os animais foram pesados para determinar o ganho médio diário e ajustar a dieta.

Como todo o manejo foi igual para as borregas, com exceção apenas do fornecimento do suplemento mineral, calculou-se somente o custo com a dieta, já que os demais custos foram iguais nos três grupos.

As borregas, nos três grupos apresentaram estatisticamente a mesma média de consumo de alimentos, independentemente da oferta de suplemento mineral. Essa média foi de 900 gramas por dia de feno de alfafa e 680 gramas por dia de concentrado. No entanto, em termos econômicos observam-se pequenas diferneças no custo com a dieta, conforme se observa na tabela abaixo. O grupo com menor custo de alimentação foi a 2, com suplemento apenas no concentrado farelado.

Tabela 2 – Custo da dieta das borregas confinadas recebendo diferentes formas de suplementação mineral pelo período de 48 dias nos tratamentos 1, 2 e 3 e 55 dias no tratamento 4.


Nota: Tratamento (1) 2% de suplemento mineral incorporado no concentrado farelado mais suplemento mineral à vontade no cocho; (2) 2% de suplemento mineral incorporado no concentrado farelado; (3) suplemento mineral disponível a vontade no cocho.

A diferença entre o ganho de peso dos animais refletiu no preço de venda das borregas, sendo maior para as do grupo 1 que receberam suplementação mineral no cocho e no concentrado (R$ 182,84) seguidas das do grupo 2 com suplementação somente no concentrado (R$ 179,52) e por fim do grupo 3 com suplemento somente no cocho (R$ 177,72).

A oferta de suplemento mineral a vontade no cocho juntamente com o concentrado para borregas em confiamento (grupo 2) foi a que gerou maior diferença entre receita e custo, ou seja, maior lucro. Tal tratamento resultou em lucro de R$ 5,12/animal superior ao grupo das borregas com suplemento apenas no cocho.

As formas de suplementação mineral de borregas resultam em diferença na receita e no custo de terminação dos animais. A oferta de suplemento mineral à vontade no cocho e adicionado ao alimento concentrado para borregas em confinamento foi a mais viável economicamente porque as borregas deste grupo apresentaram maior ganho de peso, resultando em maior receita. Diante desses dados cabe analisar como se deve ofertar o suplemento mineral aos animais, pois em larga escala de produção, a diferença no lucro pode ser significativa!

Autores:
Carina Barros    Osasco – São PauloMédica veterinária Mestre em Ciências Veterinárias UFPR Doutora em Nutrição e Produção Animal FMVZ-USP Atuação na avaliação econômica e modelagem
Alda Lúcia Gomes Monteiro    Curitiba – ParanáPesquisa/ensino
Maria Angela Machado Fernandes    Curitiba – ParanáMédica Veterinária pela UFPR Doutoranda do Programa de Ciências Veterinárias da UFPR Integrante do LAPOC – Laboratório de Produção e Pesquisa em Ovinos e Caprinos da UFPR
Sergio Rodrigo Fernandes    Curitiba – ParanáZootecnista pela UFPR. Mestre e atualmente doutorando em Ciências Veterinárias na UFPR. Participa de pesquisas com sistemas de produção de bovinos (LAPBOV-UFPR), caprinos e ovinos para corte (LAPOC-UFPR). Atua na área de nutriçao de ruminantes.

autores desse conteúdo:Carina Barros    Osasco – São PauloMédica veterinária Mestre em Ciências Veterinárias UFPR Doutora em Nutrição e Produção Animal FMVZ-USP Atuação na avaliação econômica e modelagemAlda Lúcia Gomes Monteiro    Curitiba – ParanáPesquisa/ensinoMaria Angela Machado Fernandes    Curitiba – ParanáMédica Veterinária pela UFPR Doutoranda do Programa de Ciências Veterinárias da UFPR Integrante do LAPOC – Laboratório de Produção e Pesquisa em Ovinos e Caprinos da UFPRSergio Rodrigo Fernandes    Curitiba – ParanáZootecnista pela UFPR. Mestre e atualmente doutorando em Ciências Veterinárias na UFPR. Participa de pesquisas com sistemas de produção de bovinos (LAPBOV-UFPR), caprinos e ovinos para corte (LAPOC-UFPR). Atua na área de nutriçao de ruminantes.

Fonte: Farmpoint

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